Esta história conta mais uma vez sobre amizade e imaginação!
Foi escrita em 2009 e não sei como surgiu coragem agora para
eu demonstrar este meu lado.
Se é bom, eu não sei, se irá agradar, muito menos. Mas é muito bom poder ter um espaço onde despejar meu mundo criativo e único, que poucos conhecem ou desconfiam.
Escrevo desde uns 9 anos e sempre tive muita vergonha de mostrar qualquer linha... mas o mundo atual é tão democrático, que já é possível encontrar composições, músicas, desenhos, histórias, criações boas e ruins em blogs, sites, videos, etc.
Então, vamos lá, é hora de dar a cara à tapa!
Boa leitura!
*****************************************************************************
O menino que tinha
uma montanha
Era uma vez o Toninho, ele era
muito esperto para sua idade, mas meio esquisito.
Os outros meninos cismavam por
chamá-lo de 'Toninho cabeça de vento'! Adivinhem por quê? Isso mesmo! Você também
é esperto! Ele vivia sonhando acordado e falando cada coisa! Mas, de certo, sua
imaginação era incrível!
Seus avós adoravam e não viam
problema algum, até incentivava! Acreditavam que um dia ele poderia virar até um
escritor ou contador de histórias.
A última dele era que uma velha
sábia o dera um presente muito valioso: uma montanha!
Isso mesmo! Uma montanha de
verdade, que ele dizia carregar para cima e para baixo, com muito cuidado e
zelo.
Vó Nina dizia para sua filha que
pelo menos Toninho iria ficar forte de tanto carregar a tal montanha, pois esta
deveria ser pesada o suficiente para fazer seus músculos enrijecerem.
Dona Lia começava a duvidar da
sanidade dos pais, idosos e até então aparentemente lúcidos, a pesar da idade
avançada.
Vô Nhô perguntava ao seu neto:
- Toninho, olha que árvore
linda! Quer que eu o traga para enfeitar sua montanha?
- Não vô, acho que minha
montanha está bem do jeito que ela é. Obrigado!
E com isso, Toninho nunca se
sentia só. E, quando os meninos maiores da rua debaixo tiravam sarro da cara
dele, a tal montanha o dava forças e coragem para enfrentá-los.
- Podem falar o que quiserem!
Isso é pura inveja porque sou o único que possui uma montanha de verdade!
Zeca, seu melhor amigo, quis
saber da novidade. Achou que Toninho iria falar toda a verdade, pois eram
amigos há 3 anos! Isso pra ele era uma eternidade!
- E aí, Toninho... qual é da
paraaaaada? – Zeca só falava assim, enfatizando algumas palaaaaavras... achava
que era "o" cara falando assim.
- Hm... nada. Nada de novo.
- Vai me dizer que você ganha um
presentão desse que o povo ta falaaaando e nem vai me mostraaaar, cara pálida?
- Promete que você não vai rir?
- Claaaaro, pô! Duvida do seu
parceeeiro, é?
E Toninho levou sua mão direita
ao seu bolso direito, com todo cuidado possível, como se fosse pegar uma joia
rara.
A tal joia era uma montanha,
lisa, dura, mas enorme! Não havia muita vegetação por ali, mas reluzia aos
raios solares daquele lindo dia de sol.
Nunca se vira tão linda e reluzente joia!
Zeca e Toninho brincaram o dia
inteiro, subindo na montanha, escalando-a e saltando, até lá do topo e caindo
em águas cristalinas do lago azul que se via lá de cima.
Pensou em alugar umas asas delta,
mas iria gastar toda sua mesada e preferiu a queda livre mesmo. Dá uma sensação
de liberdade incrível.
O vento batendo em seu rosto, seus braços
criando vibração como se fossem asas prestes a acariciar o ar e a imensidão
azul.
Quando o Sol se despedia dos
dois, Toninho resolveu guardar a montanha. Pegou-a com todo cuidado e a colocou
em seu bolso direito. Afinal, o da esquerda estava descosturado e poderia
perder para sempre este presente grandioso.
Zeca e Toninho saíram do
campinho em direção ao lanche que, com certeza, estaria pronto em cima da sua
mesa: um bolo de cenoura e chocolate preparado com esmero pela sua avó. Com
certeza o maior pedaço será pro Zeca, afinal ele era o mais guloso.
É, nunca se vira tamanha joia.
Na verdade, não estou falando da
montanha, mas sim do amigo.
Zeca era um amigo de verdade.
E a tal montanha: uma pedra.
Bela, sim, valiosa, não.
Mas Toninho era o bem mais
valioso que Zeca poderia ter e a amizade sincera faz com que a vida seja uma
gostosa brincadeira, de faz de conta, de ilusões e de muita criatividade!
PERCILIANA CASTRO (2009)